Por que o professor ganha tão ruim no Brasil?





Por que o professor ganha tão ruim no Brasil? Parte I


Para começar a responder a essa pergunta, precisamos entender quem é o zelador da educação nesse país. No Brasil, o governo deveria ser o grande responsável pela manutenção da coisa publica. Bobagem, aqui está tudo entregue a um bando de sanguessugas. Não existe visão e os investimentos mais servem para cobrir rombos, gastos desnecessários e roubos do que para o que julgamos ser correto: o investimento em um país melhor.

Voltando a pergunta que serve também como título desse texto, tenho dito ao longo da minha vida que educação será sempre aquele setor usado para eleger alguns em época de campanha. Não haverá mudança se dependermos de políticos que não passaram pelas mazelas do nosso povo.

Comecemos pela visão que nossos governantes têm a respeito da palavra investimento. Quase 100% deles acreditam que dá dinheiro para a área do petróleo é investir, mas para a educação é gasto. Começo a acreditar que votar também deveria ser considerado gasto, pois gastasse muito para ter um pleito. 

Acreditem, já foi bem pior. Antigamente, mas nem tão antigamente assim, os filhos de agricultores só tinham pela frente uma perspectiva: serem agricultores como os pais. 

Com o passar do tempo, surgiram aqueles que queriam “ensinar outras coisas”, mas não havia regulamentação nem preparo para tanto. O ensino era bem precário mesmo.

O tempo mudou, as necessidades mudaram, mas a educação ficou estagnada nessa visão, mesmo depois dos professores passaram a se preparar mais e melhor a coisa continua ruim. 

Por que um professor ganha tão pouco no Brasil? Resposta simples: não são bem vistos pelo governo, pois “ensinar” a pensar criticamente pode ser uma arma muito perigosa nas urnas. Algo extremamente destruidor.

Como proposta, acredito que tornar a escola cada vez mais publica, obrigando os filhos e netos de políticos a cursarem as aulas como alunos regularmente matriculados, pode não só mostrar coerência, como também forçar o investimento nesse setor, pois qual político vai querer ver seu filho ou neto sem nenhuma perspectiva de vida como o resto de nós?

Fico triste quando imagino que pessoas como Paulo Freire, que deixaram um vasto legado para a educação, teriam que viver com um salario mínimo de professor em um país tão rico como esse nosso.

Por que o professor ganha tão ruim no Brasil? Parte II




Se você perguntar para qualquer aluno do Ensino Médio ou Fundamental o que ele quer ser quando crescer, muito provavelmente não ouvirá PROFESSOR como resposta. Até mesmo se fizer a mesma pergunta para estudantes universitários de licenciaturas, ouvirá a mesma resposta. Mas a que se deve tamanha falta de interesse por essa profissão. Bem, todos têm suas razões; seus motivos. Claro que respeitamos, mas primeiramente temos que pensar que hoje em dia, nós temos mais acesso às informações mais rapidamente. Certamente, não precisamos de professores o tempo todo.

Hoje não precisamos do professor da mesma forma que precisávamos anos atrás. A maior prova disso é que se quisermos aprender uma língua estrangeira, podemos fazer isso apenas com um pouco de motivação e fazendo uso da internet. Existem inúmeros sites especializados em aprendizagem de línguas. Indo mais adiante, hoje temos até cursos de graduação e pós-graduação a distancia. 
Deixemos de lado a qualidade desses e passemos ao foco do tópico.

Diante da necessidade do mercado de trabalho, nós podemos constatar que o profissional tem seu valor mediado pela qualificação recebida durante seu período de preparo para exercer sua profissão. Mais ainda, o profissional ganha devido a quantidade. Se tivermos muitos professores no mercado, então é lógico que se pague menos. 

Existe solução para isso? Não. Parece uma resposta simples, curta e carregada de um tom negativo, mas é melhor eu ser honesto e realista do que mentiroso e sonhador. Se chegamos até essa situação, é porque não podemos mais reverter esse quadro. O governo federal até tenta “tampar o sol com uma peneira”, mas isso não resolve problema algum. Com a ampliação dos Institutos Federais, tivemos a abertura de portas para profissionais de outras áreas, não apenas licenciaturas. O que vemos são muitos “ex-engenheiros”, literalmente, se arriscando na educação. Motivados pelo que? Dinheiro. Na maioria das vezes, mas nem sempre, eles não têm o conhecimento didático-pedagógico para o ensino de qualidade que o governo quer, se é que quer! 

Não estou atacando nenhuma profissão, mas para expor meu ponto de vista, preciso de exemplos fortes. A justificativa para a criação de escolas técnicas é para preparar os alunos para o mercado de trabalho de forma mais rápida. Então, surgiu a necessidade de investir no Ensino Médio. Longe de não ser algo positivo, mas com isso os profissionais de outras áreas como a engenharia precisavam se interessar pela docência. Qual foi a solução encontrada pelo governo? Isso mesmo, atrair tais profissionais fisgando-os pelo bolso. Dinheiro, palavra mágica que pode mudar qualquer um. 

Mas por que o professor ganha tão pouco? Porque uma profissão precisa ser marginalizada para que as outras sejam mais respeitadas. É a lógica do capitalismo. Outra razão: existe um número muito grande de “profissionais” nessa área e isso o torna fácil de ser encontrado. Mais além, existe a condição que chamo de “estar professor”, o que isso quer dizer? São pessoas que dão aulas para completar suas rendas, mas não estudaram para tanto. Terminando deixando uma perguntinha no ar: será que esses profissionais que são professores, teriam escolhido essa profissão quando estavam em suas universidades de Direito, Engenharia, Enfermagem, Ciências Econômicas...?

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